terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jacob Appelbaum, o homem mais poderoso do ciberespaço


“Seja o problema que você quer no mundo”. Por que um jovem de vinte e sete anos luta contra o sistema? Por que foge do governo? Por que espera tornar o mundo mais aberto e conectado? Estes são alguns dos questionamentos que cercam Jacob Appelbaum.
Jacob é o único membro norte-americano conhecido do wikileaks, site que expôs os relatórios de inteligência mais bem guardados, é também evangelista do programa de software que ajudou a vazar as informações.
Um menino de rua anarquista, criado por uma mãe esquizofrênica até os cinco anos de idade, abandonou os estudos e sozinho aprendeu as artimanhas para driblar o sistema informatizado. Aos oito anos, uma tia o deixou em um abrigo para crianças e Jacob ali invadiu seu primeiro sistema de segurança. Aos dez anos foi morar com o pai, um viciado em heroína e se sentia um estranho dentro de casa.
Adotando uma cultura outsider, Jacob assombrava shoppings, se vestia de mulher, namorava rapazes (apesar de ter ficado com mulheres também) e pintava os cabelos de roxo. Foi quando um pai de um amigo o ensinou ferramentas básicas de informática.
Hoje, Jacob conhece o sistema e sabe que ele não é seguro. Várias informações de dados são jogadas diariamente na rede, dados que são facilmente violados. Programar e hackear computadores é o que lhe dá motivação para viver, fazendo-o sentir que o mundo não é um lugar perdido.
Jacob faz parte de um grupo que promove a privacidade na internet através do Tor Project. O Tor foi financiado por grupos de ativistas e também por grandes corporações como o Google, acreditando ser esta uma ferramenta importante para o trabalho de inteligência. O Pentágono foi que não gostou muito da idéia quando teve informações sigilosas divulgadas por meio do programa.
“Sou um norte-americano, nascido e criado aqui, que está descontente com como as coisas estão”, disse Jacob durante uma grande conferência realizada em Nova York. Após esta palestra Jacob fugiu pelos bastidores e saiu por uma porta de emergência, sendo abordado por policiais doze dias depois em Newark.
Em Las Vegas, enquanto participava de uma palestra de hackers, foi abordado por agentes do FBI disfarçados. A partir de então, Jacob evita aeroportos, amigos, estranhos e locais alheios, tem viajado sempre de carro. Foge do governo norte-americano.
"O importante para mim é que as pessoas tenham comunicação livre de vigilância. O Tor não deveria ser considerado subversivo, mas sim uma necessidade. Qualquer pessoa em qualquer lugar deveria poder falar, ler e formar suas próprias crenças sem ser monitorada. As coisas tinham de chegar a um ponto no qual o Tor não é uma ameaça, e sim utilizado por todos os níveis da sociedade. Quando isso acontecer, venceremos”, acredita Jacob.

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